Avaliando a qualidade do código PHP com Phploc

Em muitas situações é necessário entrar em contato com código desconhecido, desenvolvido por outra pessoa.

Como etapa preliminar, pode ser útil obter estatísticas que informem algo sobre o código , seja como medida de qualidade ou como informação da estruturação do código.

Há várias ferramentas que calculam métricas para um sistema ou aplicação. Para projetos desenvolvidos em PHP vamos usar a ferramenta mais simples que existe: o phploc

Antes de analisarmos um relatório da ferramenta, é bom termos em mente que os valores são estatísticas, ou seja, são tiradas de um conjunto, representam um conjunto. Isso significa que pode ser que haja uma parte do sistema feita de uma forma e outra parte desenvolvida de outra forma(o que é comum em equipes com alta rotatividade de desenvolvedores).

Por isso, sem o contexto do código você pode interpretar da forma como quiser. Isso significa que apenas os números não são suficientes para dizer a qualidade de um projeto, mas é uma boa dica!

O Phploc fornece bons indicadores da qualidade geral do código, por isso consegue dar uma boa visão da qualidade estrutural de um projeto. De novo, um sistema pode ser desenvolvido por diversas equipes e um módulo estar melhor escrito que outro. Ainda assim nosso exemplo abaixo nos indicará alguns pontos a serem observados mesmo sem abrirmos o código fonte.

O Phploc fornece métricas para código procedural(o PHP clássico) ou código orientado a objetos. Por isso algumas estatísticas podem ou não fazer sentido dependendo do paradigma utilizado (ou não utilizado!).

Assim, por exemplo, muitas chamadas de métodos estáticos ou muitas classes abstratas podem indicar um problema de desenho(projeto). Ou até mesmo uso de poucas classes, que pode indicar um “código mistureba”, em que o desen- vedor utiliza o paradigma procedural mas de vez em quando usa uma classe para prover um recurso específico.

Tendo em vista que a orientação a objetos foi sendo adicionada ao PHP de forma incremental, isso acontece bastante!

Instalação

Pode ser que o repositório de pacotes do sistema tenha o phploc disponível. Se tiver, poderíamos instalar executando no DEBIAN ou derivados:

leandro@leandro:~$ sudo apt install phploc

Contudo, eu prefiro instalar baixando o arquivo phploc.phar. Para mim deu menos problemas durante a execução:

leandro@leandro:~/Downloads$ wget https://phar.phpunit.de/phploc.phar
leandro@leandro:~/Downloads$ cp phploc.phar ~/.local/bin/phploc
leandro@leandro:~/Downloads$ chmod +x ~/.local/bin/phploc

Devemos lembrar de editar a variável PATH para que ela encontre o binário. Para isso, adicione

PATH=$PATH:~/.local/bin/

no final do arquivo ~/.bashrc e fazemos logoff e login novamente para termos o acesso configurado em nosso ambiente, ou também podemos rodar:

source ~/.bashrc

como vimos em minha dica sobre como recarregar arquivo .bashrc. E assim testar a chamada:

leandro@leandro:~/Downloads$ phploc
phploc 7.0.2 by Sebastian Bergmann.

No directory specified

Uso básico

Para aprendermos a usar o phploc vamos baixar um projeto do github para servir de exemplo.

Eu vou usar como exemplo um sistema para controle de igrejas que pode ser baixado aqui, ou via git:

leandro@leandro:~/Downloads$ git clone https://github.com/hiltonbruce/Igreja.git

Nós podemos passar como argumento para o phploc um diretório ou um arquivo. Se passarmos um diretório, o relatório será sobre todos os arquivos dentro dele enquanto um arquivo como argumento somente vai gerar relatório sobre ele.

Isso é útil, por exemplo, quando temos um script alvo para refatoração.

Então, examinando nosso projeto de exemplo, o que obteríamos?

leandro@leandro:~/Downloads$ phploc Igreja/
phploc 7.0.2 by Sebastian Bergmann.

Directories 40
Files 487

Size
Lines of Code (LOC) 48803
Comment Lines of Code (CLOC) 4118 (8.44%)
Non-Comment Lines of Code (NCLOC) 44685 (91.56%)
Logical Lines of Code (LLOC) 16374 (33.55%)
Classes 2916 (17.81%)
Average Class Length 33
Minimum Class Length 1
Maximum Class Length 337
Average Method Length 10
Minimum Method Length 0
Maximum Method Length 110
Average Methods Per Class 3
Minimum Methods Per Class 1
Maximum Methods Per Class 17
Functions 1513 (9.24%)
Average Function Length 12
Not in classes or functions 11945 (72.95%)

Cyclomatic Complexity
Average Complexity per LLOC 0.28
Average Complexity per Class 11.60
Minimum Class Complexity 1.00
Maximum Class Complexity 90.00
Average Complexity per Method 4.22
Minimum Method Complexity 1.00
Maximum Method Complexity 49.00

Dependencies
Global Accesses 2798
Global Constants 49 (1.75%)
Global Variables 30 (1.07%)
Super-Global Variables 2719 (97.18%)
Attribute Accesses 1298
Non-Static 1298 (100.00%)
Static 0 (0.00%)
Method Calls 2405
Non-Static 2391 (99.42%)
Static 14 (0.58%)

Structure
Namespaces 0
Interfaces 0
Traits 0
Classes 86
Abstract Classes 0 (0.00%)
Concrete Classes 86 (100.00%)
Final Classes 0 (0.00%)
Non-Final Classes 86 (100.00%)
Methods 283
Scope
Non-Static Methods 283 (100.00%)
Static Methods 0 (0.00%)
Visibility
Public Methods 283 (100.00%)
Protected Methods 0 (0.00%)
Private Methods 0 (0.00%)
Functions 117
Named Functions 117 (100.00%)
Anonymous Functions 0 (0.00%)
Constants 24
Global Constants 24 (100.00%)
Class Constants 0 (0.00%)
Public Constants 0 (0.00%)
Non-Public Constants 0 (0.00%)

O relatório é dividido em quatro seções, além de um pequeno resumo da quantidade de arquivos e diretórios:

Directories 40
Files 487

O phploc conta apenas arquivos com extensão php. As seções do relatório final são:

  • Size: Calcula várias métricas relacionadas à quantidade de linhas de código. Embora não seja comum aplicar no dia a dia, existem vários estudos que usam a quantidade de linhas de código para estimar tempo de desenvolvimento, custo de projeto e quantidade de defeitos entre outros.

  • Cyclomatic Complexity: Calcula a complexidade do código, o número de pontos de decisão dentro de uma classe ou trecho de código e que está relacionada à testabilidade do código e à dificuldade de compreensão do funcionamento interno.

  • Dependencies:Calcula, vamos dizer, o acoplamento interno do código, ou seja, o quanto uma alteração em um trecho de código pode provocar problemas em outro. Isso acontece por meio de variáveis globais ou métodos estáticos.

  • Structure:Calcula métricas relacionadas ao paradigma de desenvolvimento: orientado a objetos ou procedual.

Vamos analisar em detalhe cada seção:

Size

Como mencionado anteriormente, calcula estatísticas relacionadas à quantidade de linhas de código:

Size
  Lines of Code (LOC) 48803
  Comment Lines of Code (CLOC) 4118 (8.44%)
  Non-Comment Lines of Code (NCLOC) 44685 (91.56%)
  Logical Lines of Code (LLOC) 16374 (33.55%)

Temos 48,803 linhas de código, dos quais 16,374 são linhas lógicas de código, ou seja, contém código fonte(não é linha em branco nem comentário). É importante mencionar que há diversos modos de calcular linhas de código.

Neste link você pode ler algumas definições.

Podemos ver que a taxa de comentários é de 8,44% o que é uma boa taxa analisando apenas o valor numérico. É claro que precisamos entrar nos meandros do código para avaliar a qualidade real, mas é um início confortador.

A seguir temos algumas estatísticas de linhas de código relacionadas ao desenvolvimento orientado a objetos. Como regra temos a contagem da média, do menor e do maior. É sempre bom ficar de olho na relação entre esses três valores. Um valor mínimo ou máximo muito distante da média pode representar um problema. Valor mínimo igual a zero é um problema e deve ser investigado.

Classes 2916 (17.81%)
  Average Class Length 33
   Minimum Class Length 1
   Maximum Class Length 337

Existem 2916 linhas de código dentro de classes no sistema, cerca de 17,81%, o que parece baixo.

Isso pode significar que o sistema tem uma parte desenvolvida com orientação a objetos e outra parte desenvolvida no paradigma procedural.

O tamanho médio das classes é de 33 linhas de código, sendo que existe uma classe que tem apenas uma linha! Será necessário investigar por que isso está acontecendo!

Podemos listar os arquivos do projeto com find(as listagens serão cortadas-são trechos da listagem total):

leandro@leandro:~/Downloads$ find Igreja -name ‘*.php’
Igreja/painel_direito.php
Igreja/bk_nv_convertido/nv_convetid.php
Igreja/content.php
Igreja/top_igreja.php
Igreja/tesouraria/prestacao.php

Para vermos os arquivos junto com a quantidade de linhas de cada arquivo .php podemos rodar:

leandro@leandro:~/Downloads$ find Igreja -name ‘*.php’ -exec wc -l {} ;|sort -n
0 Igreja/help/vazio.php
0 Igreja/tab_auxiliar/ramais.php
1 Igreja/tesouraria/compras.php
1 Igreja/tesouraria/contratos.php
1 Igreja/tesouraria/fornecedores.php
1 Igreja/tesouraria/index.php
1 Igreja/tesouraria/no_index.php
3 Igreja/adm/igreja.php
...
456 Igreja/relatorio/bkp_ficha.php
595 Igreja/models/agenda.class.php
642 Igreja/views/login.php
1140 Igreja/relatorio/formcadastro.php
1169 Igreja/relatorio/formcadastroBKP.php
1213 Igreja/func_class/classes.php
1364 Igreja/func_class/funcoes.php

Podemos ver que temos arquivos sem nada dentro e arquivos com apenas uma linha de código. Além disso parece que o autor seguiu uma convenção de adicionar a string class ao nome dos arquivos que definem classes.

Neste caso para obtermos apenas os arquivos que contenham classes e sua respectiva quantidade de linhas podemos fazer

leandro@leandro:~/Downloads$ find Igreja -name ‘*.php’ -exec wc -l {} ;|sort -n | grep class
14 Igreja/models/selfonte.class.php
14 Igreja/models/setor.class.php
17 Igreja/models/formbairro.class.php
17 Igreja/models/incluir.class.php
18 Igreja/models/setores.class.php
...

Ainda dentro das estatísticas de código orientado a objetos. Temos o comprimento de métodos.

Average Method Length 10
Minimum Method Length 0
Maximum Method Length 110

Veja que temos um método sem código dentro e pelo menos um método com comprimento dez vezes maior que a média. Isso deve ser investigado (mas não necessariamente representa um problema)

Average Methods Per Class 3
Minimum Methods Per Class 1
Maximum Methods Per Class 17

Além disso temos a métrica de quantidade de métodos por classe. Em média as classes têm três métodos, mas existe pelo menos uma classe com 17 métodos mas isso não parece muito problemático.

Por fim temos métricas relacionandas a funções, que são o cerne do desenvolvimento procedural.

Functions 1513 (9.24%)
Average Function Length 12

Temos 1513 linha de código dentro de funções, cerca de 9,24%. Temos, por fim, a quantidade de código que não está dentro de classes nem de funções - é código de escopo global:

Not in classes or functions 11945 (72.95%)

Esse valor parece elevado, então talvez o sistema não faça uso de um framework mvc nem use mecanismos de orientação a objetos para realizar o processamento das requisições que chegam(Rotas/Controller).

Isso é uma hipótese apenas e será necessário entrar no código para saber mais.

Cyclomatic Complexity

Basicamente a complexidade ciclomática mede a quantidade de caminhos independentes dentro de um programa. Isso indica o quão fácil é compreender o funcionamento de um módulo ou trecho de código e, portanto, o quão arriscado é alterar algo.

Indica, também, a quantidade de testes que seriam necessários para verificar o seu funcionamento, no mínimo 01 teste para cada caminho, embora possamos ter mais testes para verificar os valores limítrofes das condições.

Essencialmente essa métrica é calculada a partir da quantidade de comandos de condição existentes no sistema (IF, THEN, ELSE, SWITCH/CASE) mas também pode levar em conta comandos de tratamento de exceções (TRY/CATCH).

Por isso não existe um modo padrão de calcular e diferentes ferramentas podem apresentar valores diferentes para essa métrica e isso é absolutamente normal.

Uma tabela relacionando complexidade ciclomática e risco pode ser vista aqui.

O primeiro valor desta seção representa a complexidade média por linha de código lógica.

Há outros indicadores semelhantes, com fórmula de cálculo ligeiramente diferente.

 Average Complexity per LLOC 0.28

Para avaliarmos esse indicador, precisamos de outras aplicações de domínio semelhante, o que é bem difícil. Eu não encontrei uma tabela de referência para ajudar a compreender o que esse indicador pode informar.

Esse valor é metade do que encontrei em outro projeto que estava analisando (que tinha muito menos linhas de código - isso diz mais sobre o outro projeto do que sobre este), é tudo que posso dizer!

Temos o cálculo da métrica para desenvolvimento orientado a objetos. Temos uma complexidade média de 11, porém um máximo de 90. Então temos pelo menos uma classe que pode ser mais difícil manter.

Talvez tenha muita lógica, é necessário investigar. Pode ser um candidato para refatoração.

Average Complexity per Class 11.60
 Minimum Class Complexity 1.00
 Maximum Class Complexity 90.00

Em seguida temos a mesma estatística para métodos.

Average Complexity per Method 4.22
 Minimum Method Complexity 1.00
 Maximum Method Complexity 49.00

Podemos ver uma média de 4,22, porém um valor máximo de 49. Pode ser que haja um método sobrecarregado, que precise de refatoração. Talvez este método pertença à classe vista acima e seja o responsável pela sobrecarga de complexidade. É necessário investigar.

Um problema do phploc é que ele não diz o valor da complexidade de cada classe! Sabemos que pode haver problemas, mas não sabemos por enquanto onde! A mesma coisa para métodos!

Pode ser necessário usar outra ferramenta para ter esses valores ou então construirmos nossa própria, visto que o cômputo é simples.

Dependencies

Estas métricas fornecem o grau de acoplamento interno dentro do sistema.

Global Accesses 2798
 Global Constants 49 (1.75%)
 Global Variables 30 (1.07%)
 Super-Global Variables 2719 (97.18%)

Temos uma quantidade elevada de acessos globais (2798), sendo que quase todo esse acesso é feito através de variáveis super globais($_POST, $_GET, $_SESSION etc).

Isso pode indicar que valores passados pelo cliente são atribuídas diretamente a variáveis dentro do sistema. Se isso acontece, pode representar problemas de segurança, mas, de novo, é necessário uma investigação para saber a razão deste número.

Como estatística, a métrica sintetiza um conjunto. Parece que a lógica interna está muito dependente e outro aspecto que isso pode provocar é uma baixa automação de testes.

Ou seja, após cada modificação o sistema deve ser inteiramente testado “na mão”.

Podemos usar novamente a linha de comando do Linux para encontrar quais arquivos são mais problemáticos e candidatos a uma refatoração.

leandro@leandro:~/Downloads$ find Igreja -name ‘*.php’ -exec grep -Hc -i -e ‘$_POST’ -e ‘S_GET’ {} ;
Igreja/painel_direito.php:0
Igreja/bk_nv_convertido/nv_convetid.php:0
Igreja/content.php:1
Igreja/top_igreja.php:0
Igreja/tesouraria/prestacao.php:0
Igreja/tesouraria/pesq_recibo.php:0
Igreja/tesouraria/no_index.php:0
Igreja/tesouraria/envelope.php:0
Igreja/tesouraria/agenda.php:32
...

O comando acima buscou apenas $_POST e $_GET, mas serve de base para posterior aperfeiçoamento.

Na parte orientada à objetos do sistema, não há acesso de atributos estáticos diretamente, o que é um bom sinal.

 Attribute Accesses 1298
  Non-Static 1298 (100.00%)
  Static 0 (0.00%)

E há 14 chamadas de métodos estáticos, representando 0,58% do total. Parece um valor baixo, mas só podemos ter certeza se isso é ou não um problema examinando o código fonte.

 Method Calls 2405
  Non-Static 2391 (99.42%)
  Static 14 (0.58%)

Structure

Esta seção computa métricas relacionadas ao projeto, como o sistema foi construído (paradigma utilizado).

Structure
  Namespaces 0
  Interfaces 0
  Traits 0

A ausência de interfaces indica baixa abstração. As classes estão muito acopladas, conectadas. A modificação em uma pode gerar problema em outra.

A ausência de namespace indica que pode haver baixa organização, visto que todas as classes estão em um único escopo global. De novo, analisando o código descobriremos se isso é um problema ou não.

 Classes 86
  Abstract Classes 0 (0.00%)
  Concrete Classes 86 (100.00%)
  Final Classes 0 (0.00%)
  Non-Final Classes 86 (100.00%)

Ainda nas métricas relacionadas ao desenvolvimento orientado a objetos, temos as estatísticas relacionadas aos métodos dentro das classes.

Há 86 classes no sistema, todas concretas. Não existe classe abstrata o que, de novo, pode indicar baixa abstração e alto acoplamento.

Pode indicar falta de experiência com os conceitos do desenvolvimento orientado a objetos,mas, de novo, só um indicador e, mesmo que haja, pode não representar um problema.

Além disso, temos 63 arquivos de definição de classe. Então há arquivos que definem mais de uma classe ou então arquivos que definem classes mas que não tem a string class no nome (isso poderia significar uma quebra no padrão de nomenclatura):

leandro@leandro:~/Downloads$ find Igreja/ -name ‘*class.php'| wc -l
63

Methods 283
  Scope
  Non-Static Methods 283 (100.00%)
  Static Methods 0 (0.00%)
 Visibility
  Public Methods 283 (100.00%)
  Protected Methods 0 (0.00%)
  Private Methods 0 (0.00%)

Todos os métodos são não estáticos e todos os métodos são públicos.

O phploc não calcula, mas a ausência de métodos protegidos indica falta de herança.

A falta de métodos estáticos pode indicar que variáveis do ambiente do sistema como dados de acesso são tratados por meio de constantes ou variáveis superglobais. Mas isso é só uma especulação.

Depois das métricas OO, temos métricas para funções(paradigma procedural):

Functions 117
  Named Functions 117 (100.00%)
  Anonymous Functions 0 (0.00%)

Named Functions são as funções normais. Existem também funções sem nome(anonymous functions) e arrow functions, que são nomenclaturas ainda mais sintéticas para funções, usualmente para criação de funções que serão usadas apenas uma vez, por exemplo, para serem passadas como parâmetro para outras funções.

Todas as funções são nomeadas. Isso pode indicar que não houve necessidade de criação de funções que fossem utilizadas apenas uma vez, mas também pode indicar falta de experiência com os recursos do PHP pela equipe de desenvolvimento.

Por fim temos as informações sobre constantes:

Constants 24
  Global Constants 24 (100.00%)
  Class Constants 0 (0.00%)
  Public Constants 0 (0.00%)
  Non-Public Constants 0 (0.00%)

Temos 24 constantes, todas de escopo global.

Para mais além

Além de permitir uma fotografia instantânea de um projeto em PHP, o phploc pode ser usado ao longo de um projeto em desenvolvimento para acompanhar sua evolução.

Quando usado desta forma, A quantidade de linhas de código (ou outra métrica) pode ser usada como estimador de tempo e também como ferramenta de avaliação da qualidade e da necessidade de refatoração ao longo do tempo.

Podemos salvar o conteúdo do relatório em formato csv, html ou xml com as respectivas opções –log-csv, –log-json ou –log-xml. Por exemplo:

leandro@leandro:~/Downloads$ phploc –log-csv 21072022.csv Igreja/
phploc 7.0.2 by Sebastian Bergmann.

Directories 40
Files 487
(…)

Analisando o conteúdo do arquivo 21072022.csv:

leandro@leandro:~/Downloads$ cat 21072022.csv
Directories,Files,Lines of Code (LOC),Cyclomatic Complexity / Lines of Code,Comment Lines of Code (CLOC),Non-Comment Lines of Code (NCLOC),Logical Lines of Code (LLOC),LLOC outside functions or classes,Namespaces,Interfaces,Traits,Classes,Abstract Classes,Concrete Classes,Final Classes,Non-Final Classes,Classes Length (LLOC),Methods,Non-Static Methods,Static Methods,Public Methods,Non-Public Methods,Protected Methods,Private Methods,Cyclomatic Complexity / Number of Classes,Cyclomatic Complexity / Number of Methods,Functions,Named Functions,Anonymous Functions,Functions Length (LLOC),Average Function Length (LLOC),Average Class Length,Average Method Length,Average Methods per Class,Constants,Global Constants,Class Constants,Public Class Constants,Non-Public Class Constants,Attribute Accesses,Non-Static Attribute Accesses,Static Attribute Accesses,Method Calls,Non-Static Method Calls,Static Method Calls,Global Accesses,Global Variable Accesses,Super-Global Variable Accesses,Global Constant Accesses,Test Classes,Test Methods
"40”,“487”,“48803”,“0.27574203004764”,“4118”,“44685”,“16374”,“11945”,“0”,“0”,“0”,“86”,“0”,“86”,“0”,“86”,“2916”,“283”,“283”,“0”,“283”,“0”,“0”,“0”,“11.604651162791”,“4.2226148409894”,“117”,“117”,“0”,“1513”,“12.931623931624”,“33.906976744186”,“10”,“3.2906976744186”,“24”,“24”,“0”,“0”,“0”,“1298”,“1298”,“0”,“2405”,“2391”,“14”,“2798”,“30”,“2719”,“49”,“0”,“0”

O resultado é exibido na tela e salvo em disco.

Com base nisso, podemos criar um job no CRON e salvar um relatório toda semana. Por exemplo, vamos criar um script relatorio_phploc.sh

#!/bin/bash

# configurar o caminho até o executável do phploc, pois o cron roda com uma variável PATH diferente daquela do usuário. 
# Necessário passar um caminho absoluto
PHPLOC=/home/leandro/.local/bin/phploc

# passar o caminho completo até a pasta do projeto
PASTA_PROJETO=/home/leandro/Downloads/Igreja

# passar o caminho completo até onde o arquivo de relatório será salvo.
# O formato abaixo será "dia""mês""ano""hora""minuto".csv, 
# por exemplo: 210720221852.csv. Rode man date no terminal para ver mais opções
# se desejar modificar
ARQUIVO_RELATORIO=/home/leandro/Downloads/$(date +%d%m%Y%H%M).csv

# linha de comando. O phploc salva em arquivo e exibe o resultado na saída padrão. 
# Como a saída padrão não nos interessa, descarte esse resultado em /dev/null
$PHPLOC  --log-csv=$ARQUIVO_RELATORIO   $PASTA_PROJETO  1> /dev/null

Na pasta onde salvarmos esse script devemos habilitá-lo para execução com:

leandro@leandro:~/Downloads$ chmod +x relatorio_phploc.sh

Podemos adicionar uma regra ao CRON rodando:

leandro@leandro:~$ crontab -e

Esse comando vai abrir um editor de texto, onde podemos adicionar o comando para executar nosso script relatorio_phploc.sh todo sábado ao meio dia(na pasta do usuário leandro rodando como usuário leandro):

0 12 * * 6 leandro /home/leandro/Downloads/relatorio_phploc.sh

essa linha deve ser adicionada no final do arquivo aberto pelo crontab -e. Se o editor for o NANO aperte control+x para salvar e sair.

Os logs do CRON são salvos em /var/log/syslog (pelo menos nas variantes do DEBIAN). Toda vez que o script for executado vai aparecer uma linha de log como esta:

Jul 21 19:05:01 leandro CRON[16001]: (leandro) CMD (~/Downloads/relatorio_phploc.sh

Portanto, para saber quando o comando foi (ou não) executado, basta fazer:

leandro@leandro:~/Downloads$ grep CMD /var/log/syslog

Conclusão

O phploc é uma excelente ferramenta para dar uma visão inicial de um projeto.

Ele fornece métricas de desenvolvimento orientado a objetos e de paradigma procedural.

Contudo, por fornecer estatísticas, os números precisam ser avaliados junto com alguma pesquisa de forma a não fornecer dados incorretos. Por exemplo, o suporte a orientação a objetos foi sendo adicionado ao PHP desde a versão 5 de forma incremental.

Por isso, em códigos mais antigos pode ser que não encontremos classes ou métodos, mas isso não significa um desenvolvimento pobre, significa que não era comum usar esse paradigma na época em que o sistema foi feito. Então o sistema não fez uso de orientação a objetos por um motivo que não conhecemos de antemão!

A ferramenta tem um pequeno problema de não mostrar as métricas por arquivo, mas isso devido à sua proposta de ser simples de usar e de entender. Mas podemos contornar esse problema com recursos de scripting do shell linux ou mesmo usar outra ferramenta para isso.

Além de uma visão inicial de um projeto de terceiros, ele também permite gerar relatório em formato csv, xml e json, o que nos permite criar um agendador para coletar métricas de tempos em tempos e assim acompanharmos a evolução de um projeto interno.